18/03/13


Julgava-te em lugares de destruição na minha mente. Lugares que tinham como função triturar e fechar as imagens que me magoam mas ao que parece - até lá, vences. Habituaste-me a deixar os lábios pendurados à porta. Ontem dei por mim a deixá-los de novo (por tua causa e como me ensinaste) à porta de outros. Dei por mim a regressar a casa sob plena toalha de céu negro e nebuloso, quando toda a cidade não existia, quando as únicas luzes eram as da rua cinza, escura e remendada. Dei por mim a odiar-te. Dei por mim a agarrar-te. Como fluído encarcerado, trouxe-o à minha superfície. Voltou a escaldar-me por dentro. Vi-me sozinho, fumado e assustado. Dei por mim a querer odiar-te. Dei por mim a querer voltar odiar-te. Hoje não é isso que quero, hoje não há espaços que te contenham e te triturem. Hoje não te odeio mas parece que sempre terá de haver dias em que te terei de o fazer.

3 comentários:

Sahaisis disse...

tantas vezes me acontece, e tantas vezes volto..

gira disse...

Enquanto esses sentires existirem, tens algo em que acreditar.
beijo.

Maria disse...

O ódio desgasta-se, como é possível nem o ódio sermos capazes de conservar? Somos tão voláteis, oh quanto voláteis somos... Estou certa de que um dia amanhecerás, tentarás odiar e nada saberás fazer senão esgotares-te nesse querer e não mais cólera sentirás. Esse dia será, por certo, um dia feliz.