18/03/13


Julgava-te em lugares de destruição na minha mente. Lugares que tinham como função triturar e fechar as imagens que me magoam mas ao que parece - até lá, vences. Habituaste-me a deixar os lábios pendurados à porta. Ontem dei por mim a deixá-los de novo (por tua causa e como me ensinaste) à porta de outros. Dei por mim a regressar a casa sob plena toalha de céu negro e nebuloso, quando toda a cidade não existia, quando as únicas luzes eram as da rua cinza, escura e remendada. Dei por mim a odiar-te. Dei por mim a agarrar-te. Como fluído encarcerado, trouxe-o à minha superfície. Voltou a escaldar-me por dentro. Vi-me sozinho, fumado e assustado. Dei por mim a querer odiar-te. Dei por mim a querer voltar odiar-te. Hoje não é isso que quero, hoje não há espaços que te contenham e te triturem. Hoje não te odeio mas parece que sempre terá de haver dias em que te terei de o fazer.

09/03/13




Há alturas em que custa ser profeta. Falar do meu coração em banhos gelados. Antecipar o calor e saber que morrerá cristalizado. Que deixará de se contorcer e comprimir infundido nos teus venenos. Há alturas em que custa avançar em ti, contigo. Alturas em que todo o corpo doi. Tempos em que a água gelada percorre as tuas costas nuas e o único esgar na tua face é de prazer e não de dor. Há alturas bastante confusas.