21/10/11

Tudo o que ele desejava era que as suas pernas crescessem. Que se dotassem de uma capacidade para alcançar o que mais desejava naquela altura. Naqueles tempos em que saía de casa, animado pela névoa que pairava e dominava a relva, onde pousava os seus pés, nús e rudes. A sensação de cúpula giratória em torno dos seus membros e crescimento incontrolável por todos aqueles que o tentavam conter.

05/10/11


Sei que é assim que por vezes me sinto. Em eterna viagem que não termina, embrulhado em pensamentos de celulose inflamável que acabarão por ser revistos em outras alturas mais convenientes. Com a premente necessidade de me rodear de letras e de forçar a leitura e conjugação subjacente. A revisão não acaba e, acima de tudo, não é esgotável tentando eu todos os meios que conheço para tal. Gostava que o destino da viagem se invertesse e que, por qualquer processo de retrocedimento, conseguisse voltar a alturas em que tudo - incluindo eu - era menos processado, mascarado e pintado. Tempos em que sentia o calor do sol e do dia através dos pés que pousavam o chão escaldado. Alturas em que me deitava à sombra, em malhas velhas, e via o seu pó a subir definindo assim os raios de sol que - corajosos- me tentavam tocar. Tudo isto. É pensamento vão?