23/12/11



Porque há sempre esperanças que pairam no ar, à nossa volta sem nos apercebermos! Tantas quanto más notícias e desgostos. Porque há sempre uma réstia de humanidade dentro de nós - que nunca queremos abandonar - e nos leva a sonhar e pensar de forma mais quente e apaixonada. Porque há quem diga que escrever é forma de terapia e que ler o que escrevem é simplesmente perda de tempo. Porque fui escrevendo e porque penso necessitar de escrever mais amanhã. Porque fui lendo, gostando e até me identificando. Por isto tudo,e porque de certo nos encontraremos por cá...
Um Bom Natal e um Grande 2012

10/12/11

Podia querer tanta coisa. Desejar do fundo do que me conheço e aspirar ao mundo inteiro. Repleto e recheado de tactos, de perfumes e de temperaturas. Sorver, como quem respira, as aspirações de outros. Podia ter ansiado ser assim e talvez desejado sorrisos quentes e amargurados que muitos anseiam. Preferi querer o teu pequeno amor, como brisa leve sobre o meu corpo que estava preparado para receber tempestades. Iludi-me e pensei que ias trazer inundações, que me ias fazer transbordar e levar-me a pensar que amores pequenos, são algo que não existe. Enganei-me e agora o corpo encortiçou e já nem a tua frustre brisa consigo sentir e amar.

28/11/11



os dias cá no Porto, começam a ficar gelados.
sem vontade de escrever. só de ler, pouco.
alguém comigo?

08/11/11


Hoje contorno-me por cantos, que nem tinta de esferográfica permanente. Discorro em pensamentos fragmentados, pedaços de lua e telhado sem céu. Como tatuagem dolorosa de olhar, que emana laivos de prazer aquando do seu desenho. Não sou mais que pigmento aprofundado na minha pele. Difícil, mas extinguível. Restos de cinzas, de fogueiras acesas às promessas dos teus beijos e apagadas à sombra da tua ignorância e até certo ponto do teu amor. Eu nunca fui e nunca quis ser assim. Quis ser sólido e estanque. Sem orifícios de entradas por onde me pudesse verter. Desenho-me em linhas e como puzzle desmantelado e montado a peças de encaixe forçado. Montagem desorganizada e tatuada. Contigo só fico se me desmontares de novo [prometendo sobre novas fogueiras], e me construires à precisão dos teus sentimentos.

21/10/11

Tudo o que ele desejava era que as suas pernas crescessem. Que se dotassem de uma capacidade para alcançar o que mais desejava naquela altura. Naqueles tempos em que saía de casa, animado pela névoa que pairava e dominava a relva, onde pousava os seus pés, nús e rudes. A sensação de cúpula giratória em torno dos seus membros e crescimento incontrolável por todos aqueles que o tentavam conter.

05/10/11


Sei que é assim que por vezes me sinto. Em eterna viagem que não termina, embrulhado em pensamentos de celulose inflamável que acabarão por ser revistos em outras alturas mais convenientes. Com a premente necessidade de me rodear de letras e de forçar a leitura e conjugação subjacente. A revisão não acaba e, acima de tudo, não é esgotável tentando eu todos os meios que conheço para tal. Gostava que o destino da viagem se invertesse e que, por qualquer processo de retrocedimento, conseguisse voltar a alturas em que tudo - incluindo eu - era menos processado, mascarado e pintado. Tempos em que sentia o calor do sol e do dia através dos pés que pousavam o chão escaldado. Alturas em que me deitava à sombra, em malhas velhas, e via o seu pó a subir definindo assim os raios de sol que - corajosos- me tentavam tocar. Tudo isto. É pensamento vão?

26/09/11


a verdade é que sei que não vamos ser a concretização de palavras, ilustradamente bonitas e patenteadas em vários romances de verdadeira época. que nunca me vais perguntar se amo outra pessoa e se o meu amor de plasticina em coração quente, vai ser teu para sempre. sei que não vamos ser inspiração de poemas e paisagens de brisas quentes em folhas a peneirar o sol. tens de me perdoar se o que vejo agora, não é mais que despedidas enquanto tu ainda te vês de chegada.

18/09/11

sombras da rua de trás


Sentei-me no degrau sujo e velho à entrada de tua casa. Tinha percebido que não te tinha conseguido apanhar, que já tinhas partido. O céu encontrava-se a escurecer e o frio começava a fazer-se sentir. Os meus sentidos apuravam-se cada vez mais. Consegui perceber a mota que passava a alguns quarteirões dali, conseguia cheirar o conjunto de buganvílias que a tua vizinha ostentava orgulhosamente na sua soleira. Os meus olhos começavam a contar (em vão) as estrelas que iam surgindo sobre o pano negro que a noite trazia e começava a sentir o cheiro do tabaco que um jovem fumava à esquina. Dei por mim a procurar-te, uma vez mais, dentro de mim e em todo o objecto que me pudesse trazer um resto de ti. Raspei os meus dedos contra a minha barba e tentei convencer-me de que não podia continuar ali sentado à tua espera. Convenci-me mesmo de que ia ter que me levantar, esticar as pernas e despedir-me da tua rua e de ti. Das tuas portadas de madeira gasta e paredes de cal cansada e não imaculada. Estava decidido, ia embora! Ia descer a tua rua, ignorar os meus sentidos, pedir um cigarro e provavelmente não te voltar a ver. Era isto que ia fazer juro. Até ver uma luz a acender-se por cima de mim e tua porta a abrir-se contigo a convidar-me para entrar.

16/08/11


Caminhamos juntos, inocentes em achar que o destino ainda nos espera no local onde o deixamos. Partiu há muito e não destruiu os caminhos que levavam até ele. Não nos deu coragem suficiente para nos desivar dos trilhos em que nos encontravamos. Continuamos juntos por lá, com acções correctas e reservadas a espaço que se vai colapsando em si e para si próprio. Buraco negro que te suga de mim, que me cola ao chão e não me deixa libertar do peso que és. Os teus lábios não são mais do que pele rosada que já não brilha ao sol. Que já não liberta o mesmo perfume e corrente. Que já não electrifica. O teu aperto de mão não passa de consolo e condescendência piedosa para com uma alma com a qual te identificas, com a qual partilhas um destino inexistente. Deambulamos assim, penitentes e inanimados até chegarmos a um local em ruínas e abandonado, e que já nada tem para nos oferecer.
Não achas que tu e eu, merecemos muito mais do que isto?


Blackbird Blackbird - Hawaii (Niva Remix) by NIVA

04/08/11


Continuas, imparável, a não libertar o que tens dentro de ti para eu ver. Queria tanto ver-te, com os meus verdadeiros olhos e sentir o que és. Se és. Quando és e porque não o és aos meus olhos todos os dias. Gostava de ter a certeza que tens guardadas maravilhas dentro de ti. Que tens planeado, só para mim, um conjunto de formas que desconheço e que sabes que vou gostar.

originalmente escrito a 06/07/2011

30/07/11


Acendo o meu cigarro, sozinho e embrulhado em pensamentos elásticos que tomam a forma e vão até onde quero. Ao contemplar o que me rodeia surges-me tu, sempre, como coisa malévola que não consigo desmistificar. O calor do sol na minha pele atenua-se e dá lugar à sensação de gotas geladas que trazes contigo. Dedos que me acalmam a alma e intensificam o trémulo do corpo. A mente turva e desvia-se do ordinário pensamento que trago comigo, usual, organizado e encaixado como telhas de tectos velhos. Quero dizer que somos eternos - tão eternos como o meu cigarro - e acabo por o dizer a mim mesmo. Quando o cigarro acaba e tu desapareces, como éter volátil, regresso às minhas contemplações. Construo-me sobre cinza apagada, inocente e forte, convicto de que da próxima vez trazes contigo prolongamentos de sol e brilho. Que vais fazer com que os teus raios penetrem os espaços entre telhas velhas, reparando-as, como cola mágica e cintilante. Espero-te como cura secreta. Concretizo-te como destruição e cicatrização imperfeita.

13/07/11

Sol, Água,Companhia,Posição de decúbito, Cigarros, Livros,
Filmes, Álcool, Blogs, Fotografias, Baixa do Porto, Música, Praias

Oficialmente de Férias

09/07/11


Gosto de sentir que és moldável. Gosto de sentir esse poder em que não és nada mais que plasticina colorida nas minhas mãos. Massa que gosta de ser moldável. Encerro lutas conscientes para impedir essa obsessão de entrar no meu interior e acabar por se tornar, invariavelmente, na compulsão a que me propões. Sabes que ao fazer isso, me prendes cada vez mais ao teu círculo vicioso que não acaba. Fazes isso até eu perder a minha própria forma. Até eu me transformar em bola de cola dura. Inquebrável. Invariável. Apenas ajustável às tuas múltiplas formas. Odeio-me, dias depois, por te deixar permitir que te molde como quero.

23/06/11


Representas a decadência a que o meu ser, já pouco humano, consegue chegar. Hipnose a induzir uma perturbação atómica em toda a minha estruturação e arquitectura interna que não tem alicerces com que te possa enfrentar. Desmoronamento de pensamentos e sentimentos que tinha solidificado. Tinha mesmo planeado usá-los contra ti. Em vão. Tento! És como onda que se propulsiona automaticamente e ao teu percurso vais rarefazendo todo o ar com que me posso alimentar. Deixo de saber. Caio na real ignorância de um controlo que julgava adquirido. Afinal de contas, tenho dúvidas. Já não sei se te amo. Já não sei se és tu que quero. Quero livrar-me do teu traço destrutivo, quero descolar-me da tua película adsorvente. Só não queria, querer tanto.

rascunho

Desenho-te numa sufocante tentativa de, pela última vez, perceber a forma como funcionas. Risco, alinho, apago e volto a riscar. Encho o meu redor de rascunhos teus. Tento e não desisto de encontrar o desenho perfeito...

originalmente escrito e perdido como rascunho - a 9/03/2011

10/06/11

Pouso-te no lugar devido, arrumado aos meus critérios. Sinto a mesma ânsia de escrever em letra miudinha e a carregar bem na caneta até aleijar os meus dedos. Sinto que te tenho de riscar de mim. Cortar-te a palavra. O caos voltou a chegar e eu não estou pronto para mais. Quero, mas não estou pronto. O abstracto, o provérbio ensinado e a contemplação do teu olhar já não me preenchem. Há vácuo que não quebras e fissuras que não sugas. Remodelo-me segundo as tuas forças e definho-me ao ver que, no fundo, morre o que era natural e espontâneo de mim. Como árida onda a estalar as lamas. É assim que me fazes sentir.

16/05/11

not there yet

Não há nada como escrever (de novo) à meia luz esbatida e gasta do meu candeeiro de pé, aceso ali atrás. A nostalgia de quem sabe o que quer, piano e palavras. O fumo de tabaco a pairar a conversa. Grandes certezas de que há possessão de verdades absolutas e claros pensamentos estruturados sobre as vivências que nos obrigam ao choque contínuo. Gostava de te conseguir estratificar, sequenciar e até planear assim, numa folha amarela do tempo. Ver-te assim, simplificado. Perceber como realmente és e se realmente és capaz de uma mudança que cada vez mais, parece repetida e oca aos meus ouvidos. Se calhar é verdade que não mudamos. Devemos ter que voltar ao que nos habituamos a ser há muito tempo atrás. Uma necessidade de regressão, como que botão de processo de reiniciação, que nos permita subir degraus (já subidos) para voltar a sentir qualquer coisa que se sobreponha minimamente ao choque. Costumam chamar-lhe de felicidade. We are not there, yet!

02/05/11

so sorry


Confesso que a última vez foi demais e intenso. Confesso que ultrapassei a minha margem de segurança. A margem que era constituída pelo término dos dois lençóis separados e que nos faziam o mesmo. Sei que me auto-destruí mas tenta compreender, foi o medo que me fez ser sincero e avançar. Foi bom a lentidão com que me instalei perto de ti. Membro a membro. Sentir-te de novo perto, tão perto que quis sentir o teu coração no meu e mesmo assim não o consegui fazer. O medo. O medo que acompanha a frustração de quem erra. De quem deixa ir o que não deve e de quem não consegue remediar o que fez. O medo que é culpa e desafio. Queria-te. Quero-te. Ouvi-te. Não te posso incomodar mais! Tal como me disseste: fui tarde demais. 
You should be a part time Lover
and a full time Friend

30/04/11

28/04/11

grão


Desfaço-me em pequenos grãos de areia que, com o vento gélido que emanas, congelam em pleno ar.Como que partículas estáticas, a pairar, permanecem naquele local fixo sem se moverem perante os corpos que as tentam atravessar. Podemos portanto concluir que no fundo constituem resistências minhas ao que vai passando em meu redor. O problema surge sempre quando eu me recomponho. Paro de me desfazer e quero andar para a frente e vejo-me cercado de pedaços de mim congelados por ti. Duas soluções em vista. Avanço contra os cristais arenosos ferindo-me um pouco [mais] ou espero que te afastes de forma a que, o teu ar gélido se deixe de sentir e com um calor ressurgido todas as partículas suspensas possam cair ao chão e esperar que qualquer chuva próxima as leve para longe.

23/04/11


















é o desenrolar do meu passo ao teu amor que te faz saltar
alegria ou contemplação
amor absurdo e patético
abduz a minha atenção ao que és
sempre foste
e nunca quis eu ver.

09/04/11

Sol e claridade. Variações intempestivas num universo de partículas em que flutuamos. Sentimentos de prensa esmagadora que nos acordam mudamente pela noite e que deixam os resto da espezinha na nossa cabeça. Pesada. Compartimentalizada.
Hoje quero escrever-te em forma de poema e voltar a renegar a minha vida voltada à tua luz. Como lua que paira em torno da tua órbita.
Reconheço a inutilidade da minha ancoragem mas falta-me o coração, repleto e transbordante de coragem, para te dizer um definitivo adeus.
Espero que a claridade de hoje te faça ver o mesmo.
ao sol da manhã de 9 de Abril 2011,
e ao som de .

26/03/11

demais?


Já nem me pergunto se o que te demonstro é demais. É amorfo e esgotado. Não perdurável no tempo, no tempo em que eu insisto gostar de ti. Insisto em querer-te ver com camisolas de lã e a fumares o teu cigarro com a luz a bater-te na cara. Insisto em querer gostar dessa luz, em qualquer parte que esteja, e das casas degradadas que consigo avistar da tua varanda. Só vejo destruição física e futuro potencial. Contigo e com insistência. E quando quiser deixar de insistir? Será demais? Acabo por me questionar.

Unplanned Plans

mind, not matter, is causation

19/03/11


Quando me coloquei entre aqueles marcos de correio para a fotografia, tu estavas ao meu lado direito. Foi, agora, um abraço reconfortante ver-te à porta de minha casa. Já não estávamos juntos há tanto tempo! Estás sempre tal e qual como te recordo da minha infância. A mesma miúda alta e cabelo loiro que fala agora como se soubesse alguma coisa da vida. E, de facto, pareceste-me saber. Partilhamos mais do que imaginas e eu gostava de ter partilhado mais contigo. Espero que um outro dia. Não desesperes, és da cor do teu cabelo... só acho que talvez ainda não te tenhas apercebido disso.

28/02/11


São os primeiros raios de sol a bater na tua cara branca e fazerem de ti o que realmente és. Brilho escondido por todos os artefactos com que te apresentas diariamente. O teu brilho, que engole o que é suposto de mim emergir, e as tuas gargalhadas afiadas e lancinantes ferem-me a cada instante. Uma dor que na teoria devo querer e que actualmente repulso positivamente como breve desconforto. O reverso é esperado a cada segundo. Aquela altura em que o teu toque brilha de modo quente em mim e que me faz querer-te a cada segundo. (:

11/02/11

acorda-me


Acorda-me hoje com o teu abraço inconfundível, com o teu beijo no meu pescoço e o teu braço ao longo do meu corpo. Faz-me despertar para uma realidade que tu não dominas e que eu quero saber controlar. Faz-me levantar do marasmo em que estou e que me prendes. Acorda-me para sair sozinho de tua casa, mais uma vez. Para deambular pelas ruas sujas e gastas até acabar por me sentar no último café que aparece, acender o meu cigarro, pensar em ti e acordar.

10/02/11

Godot?

biutiful

Biutiful de Alejandro González Iñarritu


O Quê - Onde

S. Beckett

28/01/11


Volto a receber-te em toques ligeiros de limão ácido sobre feridas ulceradas. A dor é algo que não faz parte do meu vocabulário aprendido e condicionado por ti. Algo que não te consigo descrever em palavras objectivas, brilhantes e distantes.
A dor é quando me deixas e queres voltar. A dor é quando eu reconheço (in)conscientemente que  o que sentia por ti, e por nós, acabou evaporado. És aferência dolorosa e constante. A dor é ter-te sempre ao meu lado.

Ainda com os olhos semi-abertos combinamos encontrar-nos ali na praia. Café matinal com cheiro a sal e sol de inverno. Com o oceano a espumar-se contra as ondas, ouviste o que quis dizer e disseste-me o que não queria ouvir. Trazes-me sempre de volta ao chão da razão e juízo. Deixas-me voar por instantes – sentindo a emoção – mas sem deixar chegar alto de mais, com medo da tua própria queda.

22/01/11

--construção

Desconstrução #2

É por baixo de um tecto atapetado que nos encontramos em mera conversa circunstancial. O local é claramente asiático e nas pequenas mesas colocadas à nossa frente, pequenos objectos prateados ostentam carnes quentes. A menos de meia-luz e absortos nos fumos do tabaco fumado por outros. Sentaste-te ao meu lado naquele sofá castanho que se afundou ainda mais contigo. O tecido do sofá era perceptível através das minhas calças. Conseguia-o perceber gasto e rasgado. Não éramos os primeiros naquele local. Foste falando comigo e o teu sorriso depressa tomou dimensões que desconhecia. Falaste-me das tuas viagens à Europa Oriental e como conseguiste fotografar os edifícios marcados pela história e de como conseguiste provar as especiarias capazes de dar ânimo a todo aquele povo longínquo. Havia algo em ti que não consegui perceber e figurar de forma objectiva. A nossa conversa continuou e foste-me cativando de uma maneira suave e imperceptível no momento. Algures entre o sexto ou sétimo cigarro o meu telefone tocou. Devia ter ignorado e nunca ter atendido. Devia ter vincado preferências naquele momento, naquele local e naquela altura. Não o fiz. Ao atender deixei os teus países e, como que em surto psicótico, regressei à baixa portuense. Despedi-me com um beijo e voltei-me para ti. Tu – que não desconfiavas sequer da viagem que me proporcionavas – continuaste com os teus contos, mas apartir desse momento fiquei incapaz de viajar, de novo, contigo. A partir desse momento tudo o que se construiu foi um simples planar teu em redor de mim – preso ao mesmo chão de hoje. Quero que saibas o quanto me arrependo de não ter aberto asas de novo e de ter planado livre e tranquilamente contigo.

N.G.
Porto, algures entre Outubro de 2007 e Janeiro de 2009

Desconstrução #1

Há muito tempo que reconheço o meu fracasso. Sinto, apesar de toda a racionalidade que consigo aplicar à questão, que tenho um problema. Não estou a conseguir lidar contigo, com o teu amor, com os efeitos que tens em mim. São tempos negros e bipolares que me enfrentam todos os dias de manhã. Tento recusar-me a escrever porque não quero uma memória do que se está a passar firmemente gravada nas minhas escritas. No entanto, num acto desesperado de ajuda, recorro ao meu local de escrita e deixo-me derreter em palavras que, de uma forma muito básica, acabam sempre por dizer o mesmo. Não tenho ambições de que os leitores me aplaudam ou me deixem ramos de flores. Ambiciono ver-me estratificado, escrito e concretamente planeado num pedaço de folha digital. Acham que tal pode ser concretizavelmente possível?